
Agência reguladora americana liberou tratamento que altera geneticamente células de defesa para combater o câncer. A Food and Drug Administration (FDA), órgão norte-americano que regulamenta novos medicamentos, anunciou a aprovação nos Estados Unidos de um tratamento padrão para a leucemia linfoblástica aguda de células B – o tipo de câncer no sangue mais comum entre crianças e jovens adultos norte-americanos – em pacientes que recaíram ou não responderam a tratamentos anteriores. “Os sintomas mais frequentes são febre persistente, sinais de sangramento e cansaço, entretanto, pode se manifestar de diferentes formas. O tratamento hoje em dia é feito com uma combinação de quimioterápicos e, quando necessário, radioterapia e transplante de medula óssea”, explica Rebeca Marques, médica do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento. Este novo método é um tipo promissor de imunoterapia – tratamento de câncer que promove a estimulação do sistema imunológico através de substâncias modificadoras da resposta biológica das próprias células – chamado terapia com células CAR-T. Comercialmente chamado de Kymriah, a intervenção faz com que as células T do sistema imunológico do paciente sejam geneticamente modificadas para realizar um ataque mais eficaz contra as células cancerígenas. A técnica é feita removendo um conjunto específico de células do sangue, os linfócitos, modificando-os em um laboratório para intensificar a resposta natural do sistema imunológico e as reintroduzindo no paciente. E como esta forma de tratamento celular já produziu resultados excepcionais, agora está sendo testada contra uma variedade de diferentes tipos de câncer e em estudos clínicos para indivíduos com outros tipos de leucemia, linfoma e mieloma múltiplo, além de outros tumores como câncer de próstata e pâncreas. O Kymriah é considerado um último tratamento para pacientes com cânceres até então incuráveis. A técnica surgiu durante o tratamento de Emily Whitehead, menina norte-americana que em 2012, aos seis anos, sofria de leucemia linfoblástica aguda de células B. Emily foi tratada com as células T modificadas e hoje vive livre da doença. “Desde então, especialistas têm buscado o melhoramento desta técnica para que mais pacientes possam ter o mesmo recurso”, salienta a profissional. A técnica é feita removendo um conjunto específico de células do sangue, os linfócitos, modificando-os em um laboratório para intensificar a resposta natural do sistema imunológico e as reintroduzindo no paciente. “Mesmo sendo extremamente eficaz em casos em que até então não havia esperança, essa terapia não é isenta de efeitos colaterais. Os efeitos adversos mais comuns podem incluir disfunção cardíaca, hepática e renal, bem como na produção de plaquetas e elementos de coagulação do sangue”, aponta Pedro Isaacsson, médico do serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento. Dessa forma, o tratamento demanda uma equipe multidisciplinar que assista o paciente desde os primeiros momentos do tratamento. A terapia com células CAR-T é a grande promessa para o tratamento das leucemias linfoblásticas agudas. Apesar disso, a terapia ainda não foi aprovada no Brasil. Estima-se que ainda no primeiro semestre de 2018 ela já estará disponível para a população brasileira.